Espaços e atividades em Fortaleza permitem experiências semelhantes a filmes em cartaz
Para quem deseja uma vivência mais próxima dos filmes - para além das salas 4D disponíveis na cidade -, estabelecimentos da capital cearense têm atividades similares
"Robin Hood: A Origem" estreia nesta quinta-feira (29) em cinemas da capital (Foto: Divulgação) |
Baseada nas técnicas orientais, a academia de artes marciais Pa-kua repassa os princípios da atividade milenar. Os alunos já atiram as flechas a partir da primeira aula. "Tem um alongamento para o corpo todo. Depois uma parte teórica básica para explicar como funciona o arco, a flecha e a linha de segurança, para que ninguém fique à frente ou atrás. E aí passa para a parte de tiro", explica o professor e mestre de Pa-kua, Jean Carlos Barbosa.
Me posiciono para o primeiro contato com a arquearia: perna esquerda à frente e direita para trás - postura para quem é destro, canhoto deve fazer o inverso. O arco de madeira tem uma envergadura de 1,20 metro e em mãos é mais leve do que aparenta. A cerca de 5 metros está o alvo.
Encaixo a flecha na linha acoplada ao arco, com a pegada ensinada pelo mestre, a estico o máximo possível com a mão direita. Disparo. Talvez por sorte de iniciante, acerto o objeto na segunda tentativa.
Cinco tiros depois, os dedos que puxam a linha já começam a doer, mas além de empolgante, o prazer de atingir a meta definida estimula a seguir o ensinamento. "Tem uma coisa que era muito recorrente no começo: não conseguia deixar a mão levantada na altura correta. Era quase toda aula, mas com o foco que desenvolvi passei a acertar. Você precisa desligar de todo o resto", define um dos benefícios da atividade a estudante Maria Rhasna, que passou a praticar arquearia em janeiro.
A também estudante Isabela Botelho acrescenta outro ganho com o exercício. "Eu tinha asma. Mas como você tem que soltar o ar levantando o arco e soltar inspirando, comecei a regular minha respiração. Faz um ano que não uso mais a bombinha com o remédio", garante a jovem que pratica também arte marcial.
Beleza e força
Um pequeno picadeiro se revela por trás do portão de uma casa na rua Manoel Cruz, no bairro Patriolino Ribeiro. O Quintal Aéreo, montado na garagem dos pais da gestora do espaço, Gabriela Jardim, traz para a vida real as acrobacias que ajudam a conduzir a história da família Knieps por mais de um século, no filme brasileiro "O Grande Circo Místico", do diretor Cacá Diegues.
Em funcionamento há dois anos, o lugar dá aulas de movimentos em solo e aéreo. Esse segundo inclui manobras no tecido, corda lisa, trapézio e lira. "Sempre fui uma menina macaca, moleca. Gostava muito de ir ao circo, meus pais sempre me levaram. O circo como um todo me encanta", justifica, Gabriela, o interesse pela linguagem circense.
Não aguentei a curiosidade. Como aquecimento, a professora pediu para enrolar os braços no pano e fazer uma espécie de apoio de frente invertido, com o rosto para o céu. O corpo respondeu rápido e os músculos dos braços - que até desconhecia ter - tremeram.
Corpo sedentário despertado, foi a vez de passar para as posições: subir no tecido, separar as pernas e juntá-las novamente. Pode parecer fácil, mas é uma tarefa árdua içar o próprio peso apenas com a força dos membros superiores. Ao passo que as atividades exigiam mais, fui me deparando com meus limites e tendo um esboço do que é a consciência corporal. "A gente sempre pede que tenha um aval de um médico, assim como qualquer atividade. Mas o que mais dificulta são os bloqueios psicológicos porque a gente trabalha muito com o lugar do desafio, do risco", pondera Gabriela Jardim.
A fotógrafa Livia Soares frequenta o Quintal há um ano. Para ela, a linguagem circense vai para além de técnica ou esporte e é uma forma de expressão para o mundo. "Amplia a maneira geral de me mover e a experiência com o próprio corpo, no cotidiano ou não. Aumenta as potências do corpo".
A argentina Gabriela Rojas (foto) é uma das professoras de acrobacias e ao, lado da gestora, Gabriela Jardim, dá aula de linguagens circenses (Foto: Thiago Gadelha) |
Jogos de terror
Um grupo de amigos enfrenta momentos de horror em um parque de diversões durante uma noite de Halloween. Perseguidos por um assassino mascarado, eles passam despercebidos pelas outras pessoas, pois acham que tudo faz parte da noite macabra. A sinopse do longa "Parque do Inferno" tem semelhanças com a sala "Salvem Nossas Almas (S.O.S.)", do complexo de jogos Escape 60, no bairro Meireles.
Na atração de Fortaleza, colegas são convidados para um jantar. Trancados em uma sala, eles descobrem que o anfitrião está morto e para sair é preciso desvendar senhas em uma hora. Para enfrentar o desafio fictício, os grupos podem ser formados entre 4 e 10 pessoas.
Testamos a aventura no menor número possível de jogadores. O cenário é minuciosamente preparado para transportar a uma sala de jantar de um filme de terror. Morcegos, baratas e outros insetos artificiais se somam a teias de aranha, candelabros e móveis antigos. O tom sombrio é arrematado pela luz quase inexistente do ambiente e o som reveza entre tempestade com trovoadas, gritos e batidas de portas.
O cenário do espaço de jogos é minuciosamente preparado para transportar a uma sala de jantar de um filme de terror (Foto: Natinho Rodrigues) |
Conseguimos desvendar apenas metade das pistas. Segundo uma funcionária, só de 15% a 20% dos jogadores encerram o ciclo antes do tempo acabar. A capital cearense é a única fora do eixo Sul-Sudeste a ter uma franquia da atração. "Identificamos que a cidade tem um público jovem que gosta de experiências", explica a gerente de marketing do Escape 60, Jeannette Galbinski. Ela completa que haverá novidades a partir de 2019. "Vamos ter algumas 'salas B', que é a mesma cenografia, mas com um novo jogo".
Serviço:
Escola de Pa-kua Meireles
Rua Ildefonso Albano, 568, Meireles
Contato: (85) 98149-2613
Quintal Aéreo
Rua Manoel Cruz, 170, Patriolino Ribeiro
Contato: (85) 99613-2857
Escape 60
Avenida Desembargador Moreira, 530, Meireles
Contato: (85) 3032-0014
Fonte: Diário do Nordeste
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